Nós Choramos pelo Cão Tinhoso (2016)

Durante uma aula de Português, alguns alunos são selecionados para fazerem a leitura do conto “Nós Matamos o Cão Tinhoso”, porém, eles se encontram em um dilema: ler o trágico texto sem chorar.

FICHA TÉCNICA:
Direção, produção e edição: Myqueas Bruce Wyllys
História original: Ondjaki
Roteiro e adaptação: Myqueas B.W.
Estrelando:
Alexandre Andrade.
Cleiton Lima.
Epitácio Bessa.
Henrique Severiano.
Marcelo Melo.
Igor de Assis.
João Vitor Aires.
Matheus Soares.
Músicas: “Meaningful Moment” – Stars of the Lid  e “Wind Marching for Rain” – Puddle of Infinity.

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“Nós Choramos pelo Cão Tinhoso” foi uma proposta de curta bastante desafiadora. Em primeiro lugar, porque até então, eu só tinha dirigido curtas que eu mesmo tinha escrito, então, quando caiu no meu colo uma adaptação de um conto, eu admito que fiquei bastante perdido.

O principal fator dificultante em adaptar o conto do Ondjaki foi o fato de que ele é um conto que fala sobre outro conto – o “Nós Matamos o Cão Tinhoso”, de Luís Bernardo Honwana. Essa intertextualidade foi algo muito difícil de se colocar no curta, afinal, teríamos que, não somente narrar os fatos do conto do Ondjaki, mas também mostrar ao público do que se trata a história do Cão Tinhoso que é lida no texto.

De certa forma, o curta tinha sido até então o trabalho mais experimental que eu tinha feito. A aposta em uma fotografia bastante luminosa e com o balanço de branco sempre estourando; o uso de duas linhas de narração, com uma contando a história do Cão Tinhoso e a outra narrando a perspectiva do protagonista; e claro, a cena da morte do cachorro, que envolve o público em outra atmosfera e é longa o suficiente para causar o desconforto.

Em sua exibição (em uma mostra de curtas sobre literatura afro-brasileira), “Nós Choramos pelo Cão Tinhoso” teve uma aceitação mista por parte do público. Não foi tão aclamado quanto “A Face do Vazio“, por exemplo, mas rendeu opiniões e críticas interessantes, além de ter despertado em muitos a vontade de ler o conto pra entender melhor o curta.

Com oito humanos, um cachorro e aproximadamente 1h de gravação, a produção de “Nós Choramos pelo Cão Tinhoso” foi bastante estressante, porque exigia um maior controle sob todos os atores, as falas, a iluminação, etc.  – tudo isso para só uma pessoa (no caso eu) controlar. Isso fez com que o curta ficasse com um visual mais amador do que o habitual, mas apesar disso, foi uma experiência muito rica e proveitosa.

Myqueas Bruce Wyllys